O NEGO E A
BANDEIRA
A palavra NEGO consta na bandeira da Paraíba para registrar um fato histórico que teve muita repercussão nas décadas de 20/30. João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque era Presidente (Governador) da Paraíba desde 22.10.28. João Pessoa tinha muito prestígio por ser sobrinho do ex-Presidente Epitácio Pessoa e Ministro do Supremo Tribunal Militar, daí ter sido indicado para presidir a Paraíba.
Na época, era Presidente da República Washington Luiz, paulista. Em 1929, iniciou-se o processo de eleição para o novo Presidente da República. Existia a chamada aliança café-com-leite, pela qual São Paulo e Minas se revezavam no exercício da Presidência da República: esse acordo era apoiado por Epitácio Pessoa. Washington Luiz rompeu o acordo e indicou como seu candidato à Presidência outro paulista, de nome Júlio
Prestes. João Pessoa, inconformado, NEGOU o apoio da Paraíba ao candidato Júlio Prestes, apoiando a candidatura de Getúlio Vargas, gaúcho, lançado pelo Presidente de Minas Gerais, Antônio Carlos.
Foi formada então a Aliança Liberal, composta dos Estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba, sendo João Pessoa escolhido candidato a vice-presidente na chapa aliancista.
João Pessoa teve a coragem cívica de passar um telegrama ao Governo Federal negando qualquer apoio, daí o famoso NEGO, inserido na bandeira da Paraíba, num vermelho de sangue e preto de luto;
O NEGO de João Pessoa foi um gesto de altivez que teve repercussão nacional, sendo registrado como um fato histórico: mudou a bandeira da Paraíba que, no seu todo, representa uma homenagem a João Pessoa, assassinado logo após, em 26.07.30, ainda no exercício do governo do Estado da Paraíba. A bandeira foi idealizada nas cores vermelha e preta, sendo que o vermelho representa o sangue derramado por João Pessoa e o preto, o luto que se apossou da Paraíba com sua morte.
Todos esses
fatos desencadearam a Revolução de 1930, que culminou com a
deposição de Washington Luiz em 24.10.30.