18 de abril de 2006 - 11:42

No norte, santuário das tartarugas-marinhas


Surfistas e comunidade do município de Cabedelo abraçam projeto de preservação dos animais

Ana Carolina Sacoman

 

JOÃO PESSOA - A partir da Praia do Bessa - a maior da área urbana de João Pessoa, com cinco quilômetros -, começa o chamado litoral norte da região metropolitana, na cidade de Cabedelo. A área, indicada para surfistas, virou um santuário de tartarugas-marinhas.

É nessa região, até a Praia de Intermares, passando pela Ponta de Campina, que elas nascem e, depois de adultas, desovam. Parece loucura, mas as tartarugas sabem exatamente o local em que nasceram e procuram esse mesmíssimo pedaço do planeta para seus filhotes virem ao mundo. "Elas lêem o campo magnético da Terra e, quando adultas, voltam para se reproduzir. É a fidelidade ao local de nascimento", explica a bióloga e coordenadora do Projeto Tartarugas Urbanas, Rita Mascarenhas.

Segunda ela, essa área do litoral nordestino é propícia para a reprodução dessas espécies porque conta com dunas baixas, barreiras de coral na entrada da praia e águas com temperaturas por volta dos 30 graus durante o verão.

Voluntários

O Projeto Tartarugas Urbanas existe há quatro anos e, por enquanto, depende da boa vontade de voluntários e dos vigilantes informais da comunidade para continuar. "Os moradores conheceram e abraçaram o projeto. Hoje, ajudam a vigiar os ninhos para que ninguém mexa", diz Rita. Identificados, os ninhos ficam na areia, próximos a quiosques como o Bar do Surfista, que apóia a iniciativa e é a sede informal do programa.

Até hoje, foram observados 396 ninhos, de quatro espécies de tartarugas, em seis quilômetros de litoral. Por estarem numa área urbana, os bichinhos acabam sofrendo algumas alterações em seu ciclo vital. A principal, segundo Rita, é a mudança do horário de nascimento, normalmente à noite, para a luz do dia. "A luz elétrica na beira da praia desorienta as tartarugas", diz. O projeto funciona com doações e venda de material. Uma camiseta custa entre R$ 15 e R$ 20. Informações: [email protected] e [email protected].

Fortaleza

Mais alguns quilômetros rumo ao norte, chega-se ao encontro do Rio Paraíba com o mar. Ali, na margem direita do rio, está um marco da conquista portuguesa: a Fortaleza de Santa Catarina. Datada de 1589, foi ampliada durante a invasão holandesa (1634-1654) e restaurada nos anos 1980.

Dentro do forte estão, em exposição permanente, fotos e objetos da caça da baleia, crueldade praticada até meados dos anos 1970 na região. As visitas guiadas custam R$ 2. E, próximo da fortaleza, repare, está o marco zero da Transamazônica, rodovia que ligaria o litoral da Paraíba à região amazônica e que nunca foi concluída.

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